sábado, 9 de abril de 2011

Comprimidos de cocaína para crianças?


Por José Maria Vasconcelos
O que se encontra por trás da gigantesca e caríssima guerra ao consumo e tráfico de drogas?  Se coca-cola fosse produto de patente brasileira, com misteriosa manipulação e monumental fonte de receita, não já teriam banido do mercado? A quem interessa o cerco às drogas, e não às demandas de ouro que saem ilegalmente do país? Por que se fabrica legalmente cigarro, apesar de mortal? Ou se permite consumo de álcool, que modifica comportamento, causador de tragédias e mortes no trânsito, na família e na sociedade? Cocaína e seus derivados sempre estiveram na mira da lei? Paradoxalmente, cocaína até recebeu bênção papal. 

Na segunda metade do século 19, até início do século 20, indústrias farmacêuticas produziam, anunciavam e comercializavam cocaína e heroína em dropes, vinhos e xaropes, às vezes com altos teores de álcool. Comprimidos de heroína, da Bayer, indicados contra tosse de crianças. O papa Leão 13 não se largava de um frasco de vinho de coca produzido pelo laboratório Mariani. Seu proprietário, Mariani, recebeu medalha de honra do pontífice. O vinho de coca, produzido pela Metacalf, largamente comercializado, prometia sensação “recreadora”. Em Nova York, a Maltine Facturing Company anunciava vinho de coca, “uma taça cheia nas refeições. Crianças, com proporção”. Na Alemanha, a C.F Boehringer anunciava: “ Somos os maiores fabricantes do mundo de quinino e cocaína”. (Quinino, produto vegetal amargo, componente das águas tônicas e energéticas). Martin H. Smith Company, de Nova York, fabricava heroína como analgésico, contra asma, tosse e pneumonia. Fervia-se o líquido volátil na panela e o aspirava. Cantores, professores e oradores consumiam, legalmente, tabletes de cocaína, para dar efeito “animador” e perfomance. A mais famosa bebida originada da cocaína é a Coca-Cola, inventada em 1886  por um tenente americano, que imitou a fórmula Mariani, preferida do papa. Inicialmente, trazia o nome de Pembertons french Wine Coca, pura cocaína. A partir de 1915, misturou-se cafeína, mais extratos da coca e segredos industriais, que nem anjos celestiais podem saber.

Afinal, quais os motivos para tamanha assombração policial às drogas? A quem interessam esses produtos proibidos, se até hoje a poderosa máquina dos laboratórios dos mais ricos países produzem drogas, sempre de efeitos devastadores no organismo? Os “efeitos colaterais” apavoram-me, então eu busco nas frutas e verduras a solução.

Indagações sobre o uso de drogas proibidas encontram explicação: a sedução pelo proibido. A ancestral indagação humana de experimentar a metáfora do fruto proibido. Pior, esconder as vergonhas com folhas de videira proibitivas. Só o Criador para iluminar as consciências a distinguir os limites da liberdade.

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