Já que estamos na iminência do dia da poesia o goella traz a poesia de Celso Pinheiro (1887-1950), cuja produção é quase que praticamente desconhecida dos piauienses. Segundo Hardi filho o poeta barrense Celso Pinheiro poderia muito bem ter a alcunha de poeta do Sofrimento, pois ninguém melhor do que ele soube externar,poeticamente, a sensação dolorosa em todas as suas nuanças e expressões de vivência.
CREPÚSCULO
Celso Pinheiro
Crepúsculo. Dlin, dlon... Sinos gemendo aos dobres
Há paisagens no Céu e paisagens na Terra.
A alma branca da Torre e a alma verde da Serra,
Concentram-se a rezar, tristonhamente nobres...
A hemoptise da Luz mancha a toalha do rio...
Caravelas e naus, como enormes aranhas,
Em reverberações magníficas e estranhas,
Sobre as águas, a arfar, têm bailados de cio...
Chove, empastando o mato, uns filetes de sangue
Como cordas de sol do tear da Mocidade:
É a virgem-Natureza estuando em puberdade
Para a fecundação da Noite linda e langue...
Os velhos buritis dos confins da Floresta,
Vão pregando o Evangelho entre cardos e espinhos,
E a árvore seca, a rir, com seus frutos de ninhos,
É uma árvore de Natal engalanada em festa...
Chopin estende as mãos sobre as teclas de Poentex
E arranca a sinfonia estética das cores,
Enquanto nos vergéis as pequeninas flores
São mil bocas a arder na tarde flavescente!...
A poesia Crepúsculo foi retirada do blog literário de Elmar Carvalho 180 graus
sexta-feira, 12 de março de 2010
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