quinta-feira, 18 de março de 2010

POESIA NO GOELLA


O goella traz hoje O cacto de Manuel Bandeira na semana da poesia. 


O cacto   

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária: 
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados. 
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.
Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua, 
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis,carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de
íluminação e energia:
- Era belo, áspero, intratável.    

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