sexta-feira, 13 de maio de 2011

Rádio Pioneira AM.Falta a FM

Por José Maria Vasconcelos
De volta para casa, às 11 da manhã, meio a estressante trânsito, ligo a Pioneira, ouço programa de Pe. Reginaldo, em rede nacional. Bonita voz, recheada de ternura, mensagens do cotidiano, sem lero-lero de falsas promessas e milagres baratos, ou de multiplicação de fácil riqueza. Pe. Reginaldo segue a linha meio progressista da Igreja Católica, no moderado pentecostalismo de grupos da Renovação Carismática, que seduz comunidades jovens.
A Rádio Pioneira AM, pioneira de audiência desde sua fundação, início dos anos 60, conserva o carisma e fidelidade à catolicidade de seu fundador, D. Avelar Brandão Vilela. Durante toda a década de 60 e início dos anos 70, a emissora ultrapassava, em audiência, a televisão, ainda nos cueiros, e instruía a opinião pública, política e moralmente. A arquidiocese exigia profissionais cristãos e justos. Do contrário, não sobreviviam nos quadros da empresa, comportamento que se acelerou na administração de Pe. Tony Batista, ao despachar profissionais de linguagem vulgar, debochada ou comprometidos com o poder.
A “Oração por um dia feliz”, de D. Avelar, exalava não só a fé, mas um texto primoroso, a oração-crônica, bom português e espírito pastoral, que acordava Teresina, às 6 da manhã, e lhe despertava apetite no almoço. Conquistou uma cadeira na Academia Piauiense de Letras. A cidade comentava e imitava o estilo D. Avelar, de provocar ciúmes à Ditadura.
D. Avelar não era arcebispo, mas pastor, de encantar o Brasil e América Latina, presidindo conferência de bispos, conquistando cardinalato da Bahia. A rádio serviu-lhe de púlpito

A Pioneira consagrou populares radialistas e repórteres, lembrados até nos rincões de outros estados. Bastava um recado da rádio para fulano de tal ir pegar a encomenda, enviada de ônibus, na longínqua Lagoa das Cunhãs ou Lago da Pedra, no Maranhão. Gente simples, distante da família, cidades afora, lotava a emissora em busca ou envio de informações, época de difícil comunicação por telefone.
Para conquistar audiência e fidelidade, a Pioneira não se utiliza de vulgaridades e mau-gosto, comuns em rádios comunitárias. Delicioso Gonzagão de todas as tardes, jequitibás Joel Silva, Carlos Said, Dídimo, Deoclécio Dantas, Carlos Augusto, tantos que, jovens no passado, madurões ou falecidos, hoje, na galeria radiofônica piauiense, referências nobres nos cursos de comunicação.

A maioria jovem desconhece o viço da rádio AM. Eles só se encontram na FM, tadinhos, engabelados por medíocres programas de rádios comunitárias de linha peba e despudorada, de chamar a polícia.  Microfoneiros, não radialistas, mal escrevem o nome, desconhecem a responsabilidade social. Governos populares, porque precisam deles, fecham os olhos à malandragem.
Falta à Rádio Pioneira AM estender seus tentáculos aos jovens. A solução é FM. Certamente, a tribo aplaudirá a iniciativa, comandada pela experiência dos veteranos, tocada pela ousadia da galera. Pe. Reginaldo irá arrebentar, pois lembra o perfil pastoral de D. Avelar Brandão Vilela, no tempo da Jovem Guarda. Prafrentex!   

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