terça-feira, 31 de julho de 2012

Sarah Menezes e Eu


Certa vez em 1919, o então jovem poeta Mário de Andrade, antes de ser conhecido como o grande autor de Paulicéia Desvairada e agitador-mor do movimento modernista, teve um encontro emocionado com o poeta Alphonsus Guimaraens.

Mário alimentava uma admiração tão grande pelo o simbolista, que resolveu viajar de sua cidade para conhecer pessoalmente Alphonsus Guimaraens em Maria...na (MG), e fazia questão de dizer que o poeta mineiro deveria ser conhecido por todo Brasil.

O encontro que temos com pessoas que admiramos ou celebramos faz com que tenhamos reações inusitadas. Às vezes movemos montanhas para está perto de um ídolo e outras vezes, quando menos esperamos, ele está ali diante de nossos olhos.

Foi assim meu encontro com a judoca Sarah Menezes. Há cerca de um ano, eu saia de uma manhã de trabalho rumo ao almoço, e esbarrei com a medalhista olímpica em frente ao Shopping Riverside. Sozinha, ela estava sentada em um banco de praça, talvez esperando sua carona.

Aproximei-me dela e admirado fui logo perguntando.

- Sarah Menezes, você por aqui?

Ela levantou aqueles olhos pequenos e laconicamente respondeu.

- Ué! Estou sempre por aqui.

Nosso diálogo teve frações de segundos, como se ela tivesse em um tatame louca para terminar aquele mundo de elogios que eu fazia a sua carreira. O certo é que depois de apertar a sua mão, disse:

- Você é orgulho para todos nós.

Ela me olhou, agradeceu, depois sorriu. Aquele sorriso campeão de piauiense vencedora me fez pensar como o Mário de Andrade, o Brasil precisa conhecer essa menina guerreira. Depois desse encontro inusitado e ocasional, o tempo passou e a nossa cajuína dos tatames só logrou vitórias.

E a de hoje, primeira mulher medalhista do judô olímpico, só veio corroborar todo o seu esforço e talento. A medalha de ouro não veio por acaso, veio de muita luta, sem patrocínio, de muita garra e perseverança.

Se hoje eu tivesse a oportunidade de encontrar Sarah Menezes naquele mesmo banco em frente ao Shopping Riverside como há um ano, talvez eu até recitasse uma poesia do Mário de Andrade para ela, como forma de agradecimento pela a alegria que ela proporcionou a todos nós piauienses neste dia.

Mas como sei que isso não será possível, somente por obra do acaso novamente, quero enfatizar nessas mal traçadas linhas, que ao contrário do poeta mineiro Alphonsus Guimaraens, apesar de todo o talento, ser conhecido apenas como “o solitário de Mariana”, hoje, nessa data histórica, Sarah Menezes, a judoca de Teresina, se tornou conhecida no mundo inteiro.

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