sexta-feira, 19 de abril de 2013

Empregada doméstica

Ela chega ao ponto de ônibus toda faceira, toda saltitante com a música que toca no celular, jorra uma alegria matinal. Pega o estojo de maquiagem e faz dele sua penteadeira móvel, depois faz biquinho de francês com a boca para checar se o batom está em ordem, vira o rosto de um lado para o outro e dá um ok para o visual, enquanto a condução não vem ela brinca com a mecha do cabelo, depois tamborila com as unhas as teclas do iphone. A moça é branca como porcelana, magra de rosto germânico com o queixo ligeiramente proeminente, é uma legitima representante da raça caucasiana, dentes perfeitos, pálpebras duplas e cabelo comprido e sedoso. O ônibus chega, ela sobe no transporte público feito lady de limusine particular e toda fina e educada cumprimenta o motorista e o cobrador. A balzaquiana em questão me parecia ser uma dessas empregadas domésticas em ascensão, aliás, meus caros, nesses tempos de valorização dessa classe do avental, que culminou, principalmente, com a famosa PEC das domésticas, minhas colegas de trabalho estão com tudo.


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