Por um instante deixo o livro de lado e começo acompanhar pela Tv
as fortes chuvas que caem assombrosamente em São Paulo, desabrigando e
matando muita gente, ai então paro e me pergunto; será meu Deus que isso
não vai cessar?
Parece que a cada fim de tarde, na iminência de um dilúvio, o mundo desaba
em sofrimento e desespero para aquele povo. Os bueiros entopem, a terra
desliza, até a criança que brinca inocente é arrastada esgosto abaixo. Esse é
o quadro deprimente mostrado na reportagem.
O noticiário ainda lementa e, choca o telespectador, que a cidade já está no limite de água,
mais um pouquinho de chuva, ai a vaca vai pro brejo, ou melhor, já foi.
Acompanho toda essa calamidade dos paulistas e paulistanos, lendo a obra
magnifica O Quinze da escritora Rachel de Queiroz. E você logicamente deve
esta se perguntando agora, e o que isso tem a ver com chuva?
Eu respondo: o contraste.
Pois é, no sudeste no momento que estou vendo, é água que não acaba mais, no
livro que estou lendo é seca que dói no coração. Na enchente paulista a água mata
e desampara, na seca de O Quinze a falta dela também sufoca os nordestinos.
Na terra da garoa lágrimas e chuvas se misturam, onde familias inteiras são vitimas
de temporais atrozes, na ficção, por conta da seca, a familia de Chico Bento e tantas
outras sofrem as piores consequências.
Na narração da cearense Rachel de Queiroz, o jovem Vicente luta desesperadamente para
salvar as vacas esqueléticas com um pouco de água existente, em São Paulo as pessoas
é que lutam pela vida num exíguo solo firme que ainda existe.
Em Sampa a pluviosidade sobra, no sertão da Rachel a estiagem também
Então..
Depois de ver uma enxurrada de informações sobre as chuvas torrenciais em São Paulo,
desligo a Tv, e triste volto a folhear as útimas páginas do romance O Quinze com o
seguinte pensamento em mente: que paralelo mais louco esse meu.
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