terça-feira, 16 de outubro de 2012

Careca, eu?

                                                                foto - facebook

Ontem, encontrei um amigo que há tempos não o via. Foi um momento de duas situações bem distintas: a primeira, a da alegria do reencontro e a segunda, a da tristeza de sua indiscrição.
O cara é do tipo sem papas na língua. Olha para meu cabelo e num átimo, chama minha cabeleira de rock dos anos oitenta. Como assim? Eu explico. As entradas, ele classificou de Uns e Outros, o telhado, sapecou um Nenhum de Nós e a parte de trás, ironicamente, disse que era os Heróis da Resistência.
O filho da mãe me fez sentir um verdadeiro Kojak, é amigo, aquele detetive careca linha dura dos anos setenta. Pela descrição do desgraçado, logo eu estaria sendo apelidado de cabeça de melão ou então de bola de sinuca, só porque ele viu um pedaço infértil no meu couro cabeludo.
Eu sei que “a minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos”, dizia aquele famoso comercial antigo do Shampoo Coloroma, mas caramba! Eu não sou calvo, ainda nem precisei de tratamento capilar.
Timidamente, perguntei àquele desbravador de calvície, você acha mesmo que já estou careca? Sua resposta foi lacônica: está. Mais uma vez me senti despenteado diante daquele homicida de cabelos ralos. Fiquei ali, estático, sem aplique ou peruca, me perguntando, quantos, esse infame serial cabeludo, já não teria deixado descabelado?
É minha querida Gal Costa, “quem disse que o cabelo não sente” uma revelação tesourada como esta? É a mesma coisa que deixar um leão sem juba ou não poder mais cantar, “debaixo dos caracóis de seus cabelos”.
O meu amigo me deixou sem pente, um Sansão sem forças, amigo não, pois quem tem um amigo assim, nem precisa de um cabeleireiro. A sua indiscrição fez com que meus últimos fios ralos tivessem um comportamento suicida.
Apesar de ter sido castrado, capilarmente falando, por aquele seguidor dos Jackson Five de uma figa, esbocei um sorriso e pensei: é dos carecas que elas gostam. Pior mesmo, meu senhor e minha senhora, é ficar com excesso de cabelo em cima e um déficit de mão de obra em baixo.


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