quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Crônica para uma amiga


Era noite de sexta-feira, uma dessas noites alegres e fagueiras, Patrícia e eu, militantes da geração doidivanas, aguardávamos, ansiosamente, o show da cantora baiana Márcia Freire, aliás, naquela época, década de 1990, a música “vermelhou no curral” era cantada com entusiasmo pelo o público de todo o Brasil. 

Mas para a nossa surpresa, o público teresinense não compareceu ao show, não se viu um pé de cristão que pudesse ajudar a moça a cantar o hit do momento, “a cor do meu batuque tem o toque, tem o som da minha voz”, apenas Patrícia e eu, é claro. Apesar da situação inusitada, minha amiga e eu cantamos, alegremente, “meu coração é vermelho hey hey hey” com as mãozinhas elevadas para o alto no imenso vazio do MN Palace. 



Lembro que antes do show terminar, fomos ao bar e restaurante La Bodeguita induzidos pelo o tenro cheiro das esfihas e dos kibes. Já com os comestíveis substanciosos sobre a nossa mesa, falamos sobre as letras do Renato Russo, de seu tumulto interior e empolgados pelos os goles boêmios de cerveja cantamos, “se lembra quando a gente chegou um dia acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre sempre acaba”. 

Em seguida falamos das farrinhas dominicais no quintal da casa do Fernando Arroz, ao mesmo tempo em que riamos das crendices das beatas do EJC (Encontro de Jovens com Cristo). E quando eu lhe perguntava se estava namorando, ela baixava a cabeça e respondia ironicamente, “ai meus sais de banhos”, eu insistia, mas ela, furtivamente, dizia, “prefiro falar das palmeiras imperiais”. 



Nesse ínterim, a estrela da música baiana, aquela que deixamos cantando sozinha, entoava o bis de “vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhão”, e quando lembramos que ninguém, simplesmente ninguém, além de nós, havia ido prestigiar a música que era a sensação do Festival de Parintins e que estava sendo interpretada pela a Rainha do Agito, rolamos de rir. 

A nossa noitada continuou ativa, Patrícia e eu nos divertimos como nunca, duas crianças em festa envolvidas por uma noite mágica. Ofereci-lhe outra bebida, brindávamos o encontro, a vida e evidentemente o mico do show vazio, quando de repente observamos os músicos da cantora Márcia Freire, cabisbaixos, saindo do local do show para depois guardar seus instrumentos em um caminhão baú.

Mantive o tom de reminiscência nesta crônica Patricia Brito para que você nunca esqueça da nossa amizade, parabéns e feliz aniversário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário