domingo, 28 de outubro de 2012

O CARA QUE ROUBOU UM LIVRO

                                                         Foto - Pedro Henrique

Recentemente alguém me perguntou quem era meu autor preferido. Fiquei entalado com tal indagação, foi como um tiro a queima roupa, tão certeiro que emudeci.

Rapidamente olhei para minha estante de livros, vislumbrei todos aqueles volumes, e um deles, com certeza, responderiam aquela pergunta indigesta, afinal, ficar sem resposta não combina comigo.

Dei mais uma olhada minuciosa para o meu guarda-livros, dessa vez, eureca! Enfim, a descoberta do tesouro. E ali estava ele, encaixotado no meio dos outros, apertadinho, encapado com desenhos do Vasco da Gama. O velho e bom livro do Marcelo Rubens Paiva, Feliz Ano Velho, surgia diante dos meus olhos como luz no fim do túnel.

Aquele mesmo livro, que a amiga Raimunda me emprestara e eu, sinicamente, nunca devolveria.

- Não vá sumir com o meu livro, gosto muito dele. Disse-me penosamente antes de me entregar aquela relíquia.

Feliz Ano Velho, era o título da obra que me conquistou de cara, quis lê-lo imediatamente. De posse do empréstimo, eu disse à amiga que logo traria de volta. Até hoje está em minha estante. O amigo e amiga podem me acusar de crime doloso ou apropriação indébita, mas, juro, no início quis devolvê-lo, o problema é que o tempo foi passando, passando.

Aliás, roubar ou pedir emprestado um livro e não devolvê-lo, nunca tinha passado pela minha cabeça. Não tive a menor intenção de me tornar um meliante das letras, foi apenas um ímpeto pelo o título.

Mas ai, perdi completamente o contato com a minha amiga de crédito literário, se alguém ai souber do paradeiro dela, diga que, esquece vai, não diga nada. Feliz Ano Velho é meu mesmo e ninguém tasca. Suas páginas tantas e tantas vezes lidas, relidas e discutidas, agora fazem parte da minha vida.

Sobre a pergunta incisiva do inicio do texto, qual é o seu autor preferido? A resposta está nessas mal traçadas linhas desta humilde crônica. Não que eu tenha um autor preferido, mas sim um livro muito querido. Feliz Ano Velho me abriu inúmeras portas para outras grandes leituras, por isso, é um livro ímpar, meu xodó literário.

Às vezes penso que Feliz Ano Velho, lançando na década de 1980, foi o único livro que pedi emprestado que valeu a pena não devolver.

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