segunda-feira, 5 de novembro de 2012

PADARIA NOSSA DE CADA DIA

                                                         foto - google

Hoje pela manhã, cedinho, encontrei um amigo, em uma padaria, que foi logo me dizendo ter o péssimo hábito de passar, nesses ambientes, antes e depois do trabalho. Então falei para o cara de pão queimado, que não se tratava de “péssimo hábito”, mas sim de um hábito prazeroso entre milhões de terráqueos, inclusive meu.
Quem, pelo menos uma vez ao dia, não entra, prazerosamente, em uma padaria que atire a primeira rosquinha. Eu, por exemplo, costumo dá bom dia ou boa noite aos bolos, as línguas de sogra e aos brioches matutinos ou noturnos todos os dias.
Aliás, a padaria é uma das poucas invenções que acompanha a evolução das cidades, nasceu um bairro e logo nasce uma padaria. Na vida tudo muda e tudo se transforma, mas a nossa padaria de cada dia está sempre ali, altiva, aromática a nos espreitar em uma esquina qualquer.
Tem também aquelas que estão localizadas dentro de supermercados, já essas, não sou muito fã não, acho elas meio frias, ficam misturadas a outras secções e acabam perdendo sua verdadeira essência: o cheiro.
E o cheiro de pãozinho assado na hora, sem mistura de ambiente ou sem influência de outros cheiros, só com o cheiro único de padaria, não tem igual. No meu caso, é amor a primeira cheirada.
Começar o dia tomando uma xícara de café com leite em uma padaria é sorver a alegria para todo o dia. É alimentar com satisfação o belo sonho da noite anterior, é “forjar no trigo o milagre do pão e se fartar de pão”, diria o velho Chico Buarque na canção O Cio da Terra.
Mas nem tudo é bolo de aniversário dentro de uma padaria, eu mesmo já comi o rocambole que o diabo amassou dentro de uma. Tinha uma iguaria tão ruim, sem nenhum sabor, que nem o pior lazarento comia. Porém, não vamos tratar aqui de coxinhas estragadas, até porque, prefiro o lirismo de uma fornalha recém-saída do forno.
Porque a padaria tem seu lado glamoroso, principalmente em frases encontradas no Google: “nunca chore por um sonho, na padaria tem mais”, “se o seu sonho acabou, não desanime, vai para a padaria e compre outro”, “era solitário, mas tinha sua padaria” e por ai vai.
Se a padaria tem bons equipamentos de panificação e um atendimento de primeira, pronto, ali passa ser meu jardim do éden, o meu buffet de emoções.
Por isso, amigo cara de pão queimado, citado no início dessa crônica, não me venha mais com essa de “péssimo hábito”, afinal, frequentar uma padaria não é nenhuma tragédia grega, pelo o contrário, é um ato divino, um presente dos deuses para cada alvorada e para cada entardecer.


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