Começo a manhã de segunda-feira
fazendo a mesma pergunta que um dia fizera Nelson Rodrigues, “você conhece
tristezas mais lindas, mais inspiradoras, do que as tristezas do amor?”.
E você, logicamente, atônito,
deve me responder, ainda com uma torrada na boca, com outras perguntas: que
diabo de pergunta é essa? Que besteira esse louco está a dizer? Bebeu foi?
Calma, amigo (a), explico.
Sem querer atrapalhar seu
café da manhã, seu desjejum sagrado, mas já atrapalhando, o que me traz aqui é
algo muito sério, por isso, compartilho essas mal traçadas linhas com o amigo
(a).
Lembra aquele caso da amiga
L? Aquele em que o noivo foi embora para o norte do país em busca de melhores
condições de vida? Já comentei aqui em outra ocasião, pois é, por conta da
partida do noivo para as terras mais afrodisíacas desse Brasil varonil, a amiga
L continua chorosa.
Olhe, está difícil acompanhar
a tristeza dessa amiga balzaquiana. A pobrezinha anda se lamentando pelos os cantos,
se queixa noite e dia. Já não sabe o que fazer com o dilema da tristeza e
alegria.
Tristeza e alegria, como
assim? Calma, já explico.
Tristeza porque está longe
de seu xodó, e alegria por está apaixonada como nunca dantes.
É ou não é uma dualidade infeliz?
Durante o dia a nossa
Julieta mafrense até esquece um pouco, mas à noite, no frio inconsolável da
solidão, quando lembra que se seu Romeu não está a lhe galantear embaixo de sua
janela, a moça sofre e como sofre.
É o mesmo sofrimento de
Teresa Albuquerque por Simeão no romance Amor de Perdição do adúltero Camilo Castelo
Branco, o amigo (a) já leu? Pense numa estória de amor dolorida.
Moço, a moça anda numa
tristeza só, qualquer menção, qualquer música, qualquer chopp com os amigos, a
amiga L, começa a cantar lamentosa, “oh! Arlindo Orlando volte, onde quer que
você se encontre, volte para o seio de sua amada, de faróis baixos e para-choque
duro”.
Viu amigo, como a situação
amorosa da amiga L é complicada? O noivo liga todos os dias para ela, alimentam
o amor através da telefonia caótica do Brasil, sim é legal é louvável tal
atitude, mas é aquela coisa, namoro a distância é como lâmpada de geladeira,
não esquenta nunca.
Por isso, resolvi aporrinhar
o amigo (a) logo cedo, você que está ai tomando o café da alegria ao lado de
seu amado (a), todo satisfeito (a) por ter tido uma noite maravilhosa de volúpia
e que agora sai para trabalhar cheio (a) de disposição.
Por mais que se tente
convencer um ser apaixonado que a tristeza do amor é bonita, que a tristeza do
amor vale qualquer alegria, como disse Nelson Rodrigues, fico imaginando, que a
alegria plena da amiga L só se concretizará quando ela puder ver de volta seu
grande amor desembarcando no Petrônio Portela.
Mas, você o que acha do
caso?
Que conselhos dá a nossa
amiga L, que a essa altura ainda se encontra sob o edredom da angústia? Que palavra
amiga dá a alguém que nesta manhã de segunda-feira ainda não levantou e nem
abriu a janela da esperança? Que alento dá para uma moça que prefere tomar o
café da manhã na padaria ao lado a ter de enfrentar a copa sozinha?
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